domingo, 22 de maio de 2011

Lembranças de sua filha Mercês - “Na beira do Ribeirão”


Esses dias lembrei de uma música de papai, antiga.. dos tempos em que morávamos ainda em Cairu, na Bahia.

É uma composição de papai (Codó) com Jaime Cerqueira, ex. prefeito da cidade, e que morava em Salinas das Margaridas.

Jaime sempre chamava Codó pra tocar nas festas, nas serestas e eventos da cidade, e no embalo, também compunha com ele algumas canções.
 
“Na beira do Ribeirão” - Acho que o título é este. Esse “Ribeirão” era um rio muito conhecido na região, onde se pescava muito peixe de água doce.
 
É assim:
 
Fui fazer uma pescaria, na beira do ribeirão / pesquei muito jundiá, traíra e camarão.

A noite estava tão linda, o vento o barco soprando / faltou-me gás na carouxa e logo foi se apagando.

Ai meu Deus, que ao vento diga se vá, faltou-me gás na carouxa, como pescar Jundiá.

Graças a Deus, que grande satisfação / a noite ficou tão linda na beira do ribeirão.


Carouxa (candinheiro, fifó, lamparina grande movida à gás)

 Mercês M. Brito.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

TEXTO DO LP - O Violão e a Simplicidade de Codó (por João Mello)

Somos aqueles que crêem na arte pura e simples.

Por isso acreditamos na música de CODÓ, violonista da Bahia de Todos os Santos, que em boa hora aportou à nossa cidade de São Sebastião, trazendo o seu instrumento e a sua sabedoria natural.

Homem nascido e criado diante da contemplação mais linda de que se tem notícia – O MAR E O CÉU DA BAHIA – Clodoaldo carrega na força de sua interpretação o som das palmeiras tocadas de vento brando ou de “nordeste” agressivo em dia de temporal.

A sua música, plena de características brasileiras, identifica sempre as coisas que fazem da sua terra natal o encanto do forasteiro.

Quem ouve CODÓ, tem a impressão de estar diante de uma Roda de Capoeira... ou Roda de Samba... ou mesmo, diante da paisagem descortinada da famosa Rampa do Mercado, “para onde convergem todas as velas do Recôncavo” como diz CARYBÉ.

CODÓ, traz no banjo do seu violão o som dos atabaques e os cantos de louvação dos “terreiros” da Bahia.

É a própria poesia da velha Cidade de tanto Orixá e de tanto Mistério.

É Itapoã, Amarolina, Pituba, Piatã.

É alvorecer em Mont Serrat.

É Elevador Lacerda subindo, descendo, cheiinho de gente.

CODÓ está de volta ao mundo do disco. Reaparece com uma seleção nova, cuidada, medida, feita para repetir o sucesso de seu primeiro LP.

Estamos todos felizes em ver o retorno do artista, cada vez mais consciente de sua obrigação de dar ao público o melhor de sua inspiração.

Da minha parte, confesso-me duplamente feliz, porque além de voltar a ouví-lo, fui o escolhido para escrever estas linhas.

Parabéns portanto à MOCAMBO por ter adquirido para o seu “cast” um nome consagrado de tanto valor como é CLODOALDO BRITO ou simplesmente CODÓ.

João Mello, 1968.

PS.   Este álbum foi gravado com um violão
 Di Giorgio, cedido gentilmente por seus
 fabricantes à CODÓ.

Capa do LP - O Violão e a Simplicidade de Codó, 1968.

Repertório do LP - O Violão e a Simplicidade de Codó, 1968.

Contra-capa - Codó e seu violão à beira mar.

Dedicatória feita por Codó, para sua mulher "Zinha".

O violão Di Giorgio que acompanhou Codó por longos anos de sua carreira, presente da Fábica Di Giorgio ao músico baiano.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Letra da Música CARNABAIA

No carnaval da Bahia
a gente fica arretado,
a gente corre pra rua,
a rua fica assanhada,
a gente bota careta,
a gente desce a ladeira,
a gente sai na porrada,
tem confusão.

No coração da Bahia
o sério fica de porre,
o pega-pega me larga
no arrastão da folia,
a Sé, pra lá de apinhada,
a fé passando rasteira,
a turma muito danada
e o céu no chão.

E sacudindo
o esqueleto baiano na rua,
jogando sapato furado
no meio do povo e do céu,
se requebrando
no chão do mercado modelo,
comendo lambreta com molho,
tomando cachaça com mel.

No Carnaval da Bahia
o fogo pega na baixa,
o que se perde se acha
atrás do trem da alegria.
O povo sonha de dia
enquanto o trio arrepia
e cai feliz na gandaia,
de mão em mão.

De pé, no chão da Bahia,
no meio do rala-rala,
o povaréu não se cala,
é zum-zum-zum noite e dia.
A gente vira moleque,
acerta na pontaria
um picolé bem gelado
num bobalhão.


Codó em parceria com seu filho, Carlinhos Codó.

Codó
LP Codó (Série Musica Popular Brasileira
Glasurit)