segunda-feira, 15 de maio de 2023

FOTOS DE CODÓ NOS ANOS DE 1960



 

DEPOIMENTO DO MESTRE ACORDEON

 João Melo e Codó (Clodoaldo Brito) seguiram Batatinha ao usar temas da Capoeira em uma música intitulada Berimbau.

A música cuja canção tem um forte apelo de Capoeira com o violão de Codó convidando o  som de um berimbau.

Codó foi um dos maiores violonistas do Brasil, meu vizinho por muitos anos, amigo e um dos meus ídolos.

Ele tinha mais de cinquenta anos quando o conheci, morando em uma pequena casa inundada por muitos filhos.

Impossível esquecer seus dedos grossos, grandes charutos movendo-se com facilidade e leveza nas cordas do violão, imitando o berimbau.

Fui amigo dessas crianças e alguns deles, Cláudio, Antônio, Carlinhos e Paulinho, depois se tornaram meus alunos.

Codó me contou sobre seu pai, um grande mestre de Capoeira que conseguia dar uma cambalhota para trás saltando do topo de suas sandálias de madeira e aterrissando de novo precisamente em cima delas.

Muitas vezes Codó surpreendeu meus alunos fazendo bananeiras em cima de uma cadeira bamba quando tinha quase setenta anos.

Codó nunca recebeu o reconhecimento que merecia como grande músico.

Ele gravou alguns álbuns e escreveu dezenas de ótimas canções.

Muitas dessas canções foram co-assinadas ou atribuídas a outros que não criaram uma nota delas.

Ele permaneceu pobre, recluso em sua própria música, talento e simplicidade.

Saravá Codó! Você tem presença honrosa em minhas lembranças, e aqui está sua canção que reflete o espírito indomável dos verdadeiros capoeiristas.


Berimbau


Zum Zum Zum

Capoeira mata um

Santo Antônio pequenino

É meu santo protetor

Cabra você não me assombra

Na Capoeira sou doutor


Bate o pandeiro caboclo

No jogo do berimbau

Biriba é pau é pau


De fazer berimbau é pau

Biriba é pau é pau

De fazer berimbau é pau


Fonte: 

Traduzindo do livro: Capoeira, a brazilian art from. History, philosophy, and pratice - Bira Almeira (Mestre Acordeon); pág. 96.


Sobre o Mestre Acordeon

Ubirajara ( Bira ) Guimarães Almeida (nascido em 1943), mais conhecido como Mestre Acordeon, é nativo de Salvador, Bahia, Brasil, e um mestre da arte marcial brasileira Capoeira. 

Sua reputação internacional como professor, intérprete, músico, organizador e autor é construída com cinquenta anos de prática ativa, além de pesquisas sobre origens, tradições, conotações políticas, e tendências contemporâneas da Capoeira. 

Mestre Acordeon viajou extensivamente para promover a Capoeira fora do Brasil.

Acordeon era um estudante do lendário Mestre Bimba no final da década de 1950, e começou a ensinar o próprio Capoeira no início da década de 1960. 

Em 1966, ele fundou o Grupo Folclórico da Bahia que realizou o show Vem Camará: Histórias de Capoeira no Teatro Jovem em Rio de Janeiro.

. . .

Agradecimento especial ao Mestre Jakaré do Cavaquinho, aluno de Codó e grande apoiador do processo de pesquisa sobre Codó, quem gentilmente nos apresentou essa referência bibliográfica.

Conheça o canal do Mestre Jakaré no YouTube: https://youtube.com/@jakaredocavaco

terça-feira, 9 de maio de 2023

DOCUMENTÁRIO - O violão de Codó da Bahia - 2023


Em abril de 2023 foi concluído o documentário, média metragem, O violão de Codó da Bahia. 
A biografia de um mestre esquecido. 

Dirigido por Mauricio Jeronymo e Marcos Ferreira.

Sinopse: 

A história do grande violonista Clodoaldo Brito, que começou a tocar com 10 anos de idade em um violão feito por ele próprio, com tábuas de caixote e cordas de piaçava, e que apesar do notório talento foi esquecido pelo mundo musical não tendo seu valor reconhecido. Este curta-metragem trata do resgate da memória histórica e obra de um artista que marcou época e influenciou uma geração e um estilo musical.

Sobre o documentário:

O documentário nasce como sendo apenas uma fração da densa história do artista, tendo sido os fragmentos que compuseram a obra, extraídos de registros feitos por Mauricio de Brito Jeronymo, neto de Codó, durante cerca de duas décadas.

Para a proposta inicial do documentário, de ser um média metragem de 30 minutos, não foi possível inserir todo o material captado e fragmentos de registros que compões a ampla saga pessoal e profissional de Codó.


O documentário apresenta o depoimento de alguns familiares, em especial os filhos e alguns amigos que conviveram com Codó. Todos gravados de forma simples e natural, com recursos básicos, porém, de forma suficiente para transportar o expectador para a atmosfera que envolve a história do artista.


Iniciando com a infância de Codó, seus pais, a localidade onde morava, seu talento pela música já notado desde a infância, seu trabalho na lida com a terra, sua família e quando a música passa a ser sua principal atividade, chegando a sua mudança para o Rio de Janeiro, onde gravou 10 PLs.


No documentário temos o depoimento de alguns parente e amigos que já não estão mais entre nós, então este trabalho também nos trás um amplo ar de saudosismo, quando resgata a memória desses queridos familiares e amigos que tão bem contribuíram para essa obra e tão e perto conviveram com o artista, trazendo seus belíssimos e emocionantes relatos.


O documentário além das entrevistas feitas com familiares e amigos, também trás recortes de vídeo de uma das apresentações de Codó, juntamente com Ismael Silva e Cristina Buarque, realizada em 1973, no MPB Especial produzida pela TV Educativa. Gravação esta que é considerada uma relíquia, por ser a única gravação em vídeo do artista disponível ao público através do Youtube. 

Nota-se que já foram feitas consultas a TVE RJ e a TV Educativa em busca de mais material em vídeo do artista, porém sem sucesso, sendo o relato que estas fitas estão armazenadas e não há máquinas operacionais que possam acessar estes registros históricos, sendo necessário um projeto maior de resgate para que se possa ter novamente este acervo disponível ao público em geral.


No documentário temos trechos em vídeo do artista executando seu violão e conversando, onde ele narra sua satisfação de estar unido com Ismael Silva em seu show Se você Jurar. Além, de diferentes recortes de gestos e sorrisos do artistas, extraídos também da gravação desse show. 

Esse show está disponível no YouTube, para quem se interessar em apreciá-lo por completo.
Acesso ao show completo: https://www.youtube.com/watch?v=fCvhR5Gg20Q


O documentário também trás trechos onde os filhos de Codó, que cantam em tocam juntos alguns dos clássicos do pai, levando ao expectador a atmosfera de alegria e musicalidade que envolve toda a família Codó. No documentário, os filhos também relatam detalhes do convívio familiar a de sua criação.

O documentário representa um primeiro passo na composição de uma obra documental cinematográfica sobre o artista, pois devido a curta duração, ficou limitada a apresentação de toda amplitude da vida do artista, que era além de músico autodidata, agricultor, pescados, capoeirista, marido e pai de 9 filhos. 

Certamente para documentar a vida do artista, se faz necessário um longa metragem e incluindo o depoimento de artistas que não estiveram ao alcance da família nessa fase inicial, como por exemplo, Gilberto Gil, Jorge Ben, Sérgio Mendes, João Donato, entre outros. Indo mais além, visto a verdadeira saga que envolveu a vida de Codó, e sua representatividade para o regionalismo nacional, vê-se até potencial para um longa metragem ficcional sobre a história desse herói da música regional brasileira.

O processo de edição do documentário:

A proposta desta edição surgiu através do Marcos Ferreira, que sabendo que Mauricio Jeronymo (ambos cineastas e netos de Codó) já detinha grande acervo de entrevistas arquivado, sugeriu a inscrição de um documentário curta-metragem no festival de cinema Negro Zozimo Bul Bul 2023. Então decidiram se reunir e em um período de 15 dias, produziram este documentário.

O documentário vem sendo inscrito em diferentes festivais buscando abrangência de divulgação entre o público interessado e para alguns faz-se necessário o ineditismo da obra. Por esse motivo, o documentário ainda não está disponível de forma livre no YouTube, porém, até o fim deste ano esperamos que esteja disponível no YouTube do neto do artista (Mauricio Jeronymo).

É um documentário que nasce já com o gosto de quero mais e que certamente será um primeiro passo num processo de mais ampla divulgação sobre a vida e obra do Clodoaldo Brito, este ícone da música regional brasileira.

Agradecemos a todos os entrevistados e a equipe técnica composta por familiares e amigos, que de graça, ao longo dos anos nos ajudaram a reunir esse belo material biográfico do artista. 
Muito obrigado em nome de toda a família Codó!!

Viva Codó da Bahia!

. . . 

Créditos:

Roteiro e Direção:
MAURICIO JERONYMO
MARCOS FERREIRA

Edição:
MAURICIO JERONYMO

Produção:
ENYO SOARES
MAURICIO JERONYMO

Câmeras:
CELSO APARECIDO
MAURICIO JERONYMO

Fotografias:
MAURICIO JERONYMO

Técnico de Som:
BRUNO RIBEIRO

Depoentes:
TIA ROSA
TIA AÍDA
FRANCISCO XAVIER
ADELSON ALVES
CAÇULA DO VIOLÃO
FILHOS DE CODÓ 
(Luiz, Cláudio, Mercês, Leninha, 
 Paulo, Sivaldo e Esteves)

Agradecimentos especiais:
MAURO JERONYMO - locação de espaço
ADELSON ALVES e RÁDIO NACIONAL- locação de espaço
FUNARTE - matérias de jornal
TV CULTURA - cessão de imagens  
(registro do show " Ismael Silva - Se você jurar" de 1973")

Músicas apresentadas neste documentário:
Tim Dom Dom
Thaity
Alma do Mar
Canoeiro
Zum Zum Zum
Bahia de Encantos
Um abraço no Baden
Eu gosto assim

Discografia de Codó:
ALMA DO MAR (1964)
CODÓ E SEU VIOLÃO COM ORQUESTRA (1966)
CODÓ E O MAR (1967)
O VIOLÃO E A SIMPLICIDADE DE CODÓ (1968)
UM VIOLÃO MUITO BOM MODÉSTIA À PARTE (1969)
VIM PRA FICAR (1970)
BRINCANDO COM AS CORDAS (1973)
COISAS DA MINHA TERRA (1978)
SÉRIE MÚSICA BRASILEIRA_VOLUME I (1983)