quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DISCO - Série Música Brasileira Vol. 1 - CODÓ (1984)

Capa do disco - Série Música Brasileira Vol. 1 - Codó.

C A N O E I R O

Foi com alegria que decidimos inaugurar a série música brasileira trazendo a voz e o talento de Codó, uma figura marcante e de expressão para a MPB. Foi com alegria, também, que Codó recebeu, no dia 12 de Janeiro, em sua casa, a primeira prova da capa do disco que gravou para nós. 

Feliz, Codó gostou de ver seu rosto na capa, num sorriso ingênuo de pescador, tirando do som do seu violão as cores do arco-iris.

Feliz, gostou de ver os filhos Nalvinha e Carlos juntos nesse seu trabalho.

Na reta final, porém, quando já estávamos prontos para os últimos retoques, chega-nos a notícia, no dia 25 de janeiro: morreu Codó. Prestar alguma homenagem a Codó significou, para nós, a finalização deste disco, acrescida de depoimentos de alguns dos seus amigos e admiradores mais próximos.

estão aqui, portanto, as últimas gravações de Clodoaldo Brito, o Codó da Bahia.

Com elas, o nosso reconhecimento a esse grande compositor e violonista brasileiro.

Glasurite do Brasil.


Música Brasileira

A Glasurit do Brasil, produtora há 32 anos de tintas e produtos correlatos para a indústria em geral, a construção civil e a indústria automobilística, sempre se preocupou em complementar suas atividades industriais e comerciais participando da vida brasileira de uma forma mais ampla, envolvendo-se em atividades culturais, sociais e esportivas.

Dando continuidade a este programa a Glasurit está iniciando seu projeto de Disco de Cultura  – Música Brasileira, projeto este que vai procurar mostrar obras inéditas de compositores brasileiros.
O volume 1 da série Música Brasileira apresenta obras do compositor, cantor e violonista Clodoaldo Brito, Codó.

Codó, 70 anos completados em 18 de Setembro último, é bastante conhecido principalmente na Bahia, onde nasceu, e no Rio de Janeiro, onde reside atualmente.

Sempre se apresentou em shows ao lado de artistas de renome como, por exemplo, Nelson cavaquinho, Ciro Monteiro, Chico Alves, Vicente Celestino e suas músicas foram gravadas por vários artistas tanto no Brasil como no Exterior.

Este disco, que contou com as participações de Carlos e Nalvinha, filhos de Codó, além de mais de uma dezena de músicos de primeiro escalão, foi gravado em Setembro e Outubro deste ano e lançado, oficialmente, em Novembro na cidade do Recife, Pernambuco, local escolhido em função de sua representatividade em termos de cultura brasileira.

Cabe aqui um agradecimento a todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para a execução desta obra: aos músicos, ao Nosso Estúdio e, em especial, a Rogério Duprat, responsável pelos arranjos de todas as faixas e a Capinam, por ter tido a (feliz) idéia de indicar o nome de Codó para abrir essa série.

São Paulo, Dezembro de 1983.
Glasurit do Brasil Ltda.


Clodoaldo Brito - Codó (1983).
Codó

Repórter dia-a-dia do povo, compositor de fôlego e, acima de tudo, um romântico. Assim é Clodoaldo de Brito – Codó, baiano de arraial de Cairú de Salinas das Margaridas, onde nasceu em 18 de Setembro de 1913, o mesmo ano em que nasceram dois monstros sagrados da cultura popular brasileira, Ciro Monteiro e Vinicius de Morais.

Antes de ser músico foi pescador e o seu primeiro instrumento foi uma viola que ele mesmo fez aos nove anos com tábuas de caixote de querosene e cordas de piaçava.

Aos 10 anos aprendeu cavaquinho e com 17 animava as festinhas de sua cidade.

Músico já conhecido na Bahia, nos anos 30, começou a trabalhar em rádio, em Salvador: rádio comercial, rádio clube, onde conheceu Caymi, e rádio sociedade, onde era ouvido por Caetano, Gil, Antônio Carlos e Jocafi, influenciando, de alguma forma, a música dos baianos.

Em 1951, lançou “Zum, Zum” (zum, zum, zum, capoeira mata um...), gravado por Vanja Orico no Brasil e, logo em seguida na Alemanha.

Ainda em 1951, compôs “Iaiá de Bahia” feita especialmente para o filme argentino Maria Madalena e posteriormente gravada por Aracy Costa.

Suas músicas de maior sucesso, ale de “Zum, zum” são “Taiti”, gravada por Rosinha de Valença na Alemanha, e “Tim dom dom”, que Jorge Bem tornou famosa e que faz parte do LP Brasil 66 de Sérgio Mendes e, hoje, com mais de 40 gravações em todo o mundo. Aliás, essa música, feita em parceria com João Mello, chegou ao terceiro lugar no “Hit-Parade” americano na época de seu lançamento.

Ao todo Codó possui mais de 90 músicas gravadas no Brasil por Jorge Bem, Nara Leão, Sérgio Mendes e Elizeth Cardoso, entre outros e gravou, ele próprio oito LPs e compactos, sempre ao lado de músicos renomados e cantores de primeira linha.

Este LP não poderia fugir a regra a seu lado estão o ótimo violão de Carlinhos Codó, músico, professor de violão, arranjador, e a bela voz de Nalvinha, dois de seus filhos, sem contar o verdadeiro esquadrão de músicos que os acompanham.

Este é Codó, compositor, músico, arranjador, cantor, cantador e encantador. Um artista completo, dono de uma sensibilidade forte e marcante.

É com essa sensibilidade que mostra através de sua arte, toda a grandeza de sua alma.


Codó da Bahia...

Pinta logo a imagem folclórica do cantador das praias ou sertões baianos, cheirando a peixe e suor, com suas canções primitivas e outras idiossincrasias.

Nada disso. Codó é o homem da cancha, da tarimba. Músico experiente, calejado pelo trabalho profissional do rádio e nas rodas musicais da Bahia e do Rio. Embora portador de uma deliciosa voz de cantador, ainda agora aos 70 anos (como a gente pode sentir no “Canoeiro”), o que Codó é mesmo é um tremendo de um instrumentista. Bate um violão solo, que as vezes parece até cavaquinho ou bandolim, com tranqüilidade e agilidade incríveis, de deixar qualquer garotão de boca aberta.

Como criador, esquadrinha quase todas as formas populares que viveu. O que é mais apreciável no Codó é essa capacidade de diversificação, fruto de sua rica experiência de músico profissional. Este disco é, de fato, uma amostra desse seu jeito fácil de inventar em cima de todas as modalidades de música do seu país. Não se trata de um músico regional e repetitivo, amarrando aos cacoetes e limitações de um único jeito de fazer música. Codó entende e aplica o rebolado de todas as músicas, com dignidade e talento espantosos. Valsas, Choros, canções, sambas, cantos praieiros. Enfrenta tudo. E todo com a mesmo correção, sacando os caminhos peculiares a cada forma, estilo, quebrada, jogo de cintura. Fato raro, mesmo em músicos da qualidade dele: Exibe sua aprimorada execução de virtuose sem exibicionismo. Vale dizer: Mostra uma técnica sofisticada, em passagens de grande dificuldade, sem que a gente perceba, como se estivesse tomando um copo d’água. Ou desfiando seu tranqüilo papo, em que conta pra gente suas experiências de vida e de músico.

Trabalho com Codó não é trabalho, é divertimento.

Rogério Duprat (1984). 

Músicas

Lado A

1 Canoeiro  (Codó)

2 Balanço na hora  (Nalvinha)

3 Carnabahia  (Carlos Codó)

4 Fim de carnaval  (Codó)

Vem ver  (Codó)

Lado B

1  Ó Bahia  (Codó)

2 Abraçando Sivuca  (Codó)

3  Sem ele notar  (Nalvinha)

4  Cutuba  (Codó)

5  Puladinho  (Codó)



Ficha-Técnica

Arranjos: Rogério Duprat
Carlos Codó - filho de Codó (1983).

Coordenação de Produção e Direção Musical: Antrópica Produções Ltda.
Técnicos de Gravação e Mixagem: Marcus Vinicius e Wilson
Assistente de estúdio: Ronaldo

Codó: Voz – A1, B1; VIOLÃO SOLO – A1, A2, A4, A5, B1, B2, B4, B5.
Nalvinha: voz – A3, B3; vocal – A1, B1.
Carlos Codó: voz – A3; vocal – A1, B1; violão – A2, A4, A5, B1, B3, B4, B5.
Heraldo do Monte: guitarra – A3, B5; cavaquinho – B2, B4.
Roatã: baixo elétrico – A1, A2, A3, A4, A5, B1, B3, B4, B5.
Alaor: bateria – A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5.
Carlinhos Bala: bateria – A3, A5.
Nalvinha - filha de Codó (1983).

Ruriá: piano acústico – B3; piano elétrico – A1, A2, A4, B4.
Papete: percussão – A1, B1, B2, B4.
Bolão: sax tenor – A3, A5, B5; flauta – A2, B3; clarinete – B2, B4.
Paiolete: trompete – A3, A5, B5.
Feloudo: trompete – A3, A5, B5.
Bio: trombone – A3, A5, B5.
Alejandro Ramirez: violino – A1, A4, B1.
Altamir Salinas: violino - A1, A4, B1.
Ezio dal Pino: violoncelo - A1, A4, B1.
Gilberto Massambani - A1, A4, B1.

Série Discos de Cultura Glasurit
Edição de Assessoria de Comunicação da Glasurit do Brasil Ltda.

Coordenação Editorial: Ricardo Botelho
Coordenação Executiva: Jaime Moreira
Coordenação de Produção de capa: Ivo de Alencar.

Este disco foi gravado em 24 canais no Nosso estúdio, São Paulo, em Setembro de 1983.

domingo, 16 de outubro de 2011

Disco "ALMA DO MAR" – O Violão de CODÓ (Clodoaldo Brito) (1964)

Capa do primeiro disco gravado por Codó, "Alma do Mar - O Violão de Codó" (1964).

CLODOALDO BRITO, ou simplesmente CODÓ, nasceu no arraial de Cairú de Salinas, no Estado da Bahia. De origem simples, acostumou-se desde cedo a lutar pela vida. Quando garoto, para ajudar a família, tornou-se pescador. Data dessa época sua paixão pelos mistérios do mar.

CODÓ tem muita coisa bonita da sua vida para contar. Na ingenuidade de sua linguagem, rememora casos os mais pitorescos e enternecedores. Disse-nos, por exemplo, que o primeiro violão que possuiu foi feito de tábuas de caixotes de querosene, com  cordas de piaçava e que ainda guarda na lembrança o som do rústico instrumento.

Lembra-se comovido de como veio a ser presenteado mais tarde pelo seu velho pai com um violão de verdade. E de como adquiriu um método de canhoto para iniciar-se nos estudos da música.

As dificuldades eram enormes. Precisava conciliar o violão e o trabalho. Como fê-lo? Explica-nos CODÓ: “nas noites de pescaria, eu e os meus companheiros num barco, éramos obrigados muitas vezes a esperar a hora da maré. Eram horas que a natureza reservava para que pudéssemos descansar. Os meus camaradas, dormiam e enquanto isto, eu dedilhava meu violão, tocando para o céu e mar”.

Dotado de sensibilidade apurada, foi-lhe fácil enveredar pelos caminhos da composição musical. Em pouco tempo, toda Bahia cantava suas composições, difundidas ao vivo pelas estações de rádio, na voz dos seus melhores cantores. Até mesmo nas boates e dancings, suas melodias eram solicitadas a todo momento. É bom que se esclareça este fato, porque sem estar gravada, é muito difícil uma música fazer sucesso. E as músicas de CODÓ fazim mesmo antes de irem para a cera.

Neste LP de estréia, estão 12 composições de sua autoria.
Cada qual nos pareceu mais bonita. Por isto as gravamos para o grande público. Dar-nos-emos por imensamente satisfeitos se for esta a opinião geral.

Etse disco nasceu praticamente na casa de Fernando Cesar, numa dessas reuniões musicais que o grande compositor costuma realizar semanalmente. Após a execução de algumas composições suas, o entusiasmo dos presentes já era alguma coisa de sério. E da idéia para a efetivação da gravação, o tempo foi bastante breve.

Lado1
1 – THAITÍ
2 – NOITE AO LUAR
3 – FANTASIA EM PRELÚDIO
4 – ADORMECIDA
5 – TIM DOM DOM
6 – EU GOSTO ASSIM

Lado 2
7 – ALMA DO MAR
8 – OXUMARÉ
9 – BAIANINHO
10 – DELÍRIO
11 – UM ABRAÇO NO BADEN
12 – MOTIVO ESPANHOL


FICHA TÉCNICA
Produtor: João Mello
Técnico de gravação: Waldir Gonçalves
Engenheiro de som: Sylvio Rabello
Capa: Paulo Breves

 Dedicatório presente na contra-capa de exemplar do disco, dado a sua mulher Zinha. (acervo da família)

DISCO " TALENTO BRASILEIRO 3 - CODÓ E O VIOLÃO " (1977)

Capa do Lp "Talento Brasileiro 3 - Codó e o Violão" (1977).
Lado 1
1 - QUADRADINHO (Codó)
2 - VIOLA ENLUARADA (Codó)
3 - BEIJA-ME (Codó)
4 - AOS PÉS DA CRUZ (Codó)
5 - GAMADINHO (Codó)
6 - CAPOEIRA TRÊS (Codó)

Lado 2
7 - BRINCANDO COM AS CORDAS (Codó)
8 - SAMBA MESMO (Codó)
9 - CONFIANÇA (Codó)
10 - ALEGRIA, ALEGRIA (Codó)
11 - CANÇÃO DE AMOR (Codó)
12 - MINHA FAVELA (Codó)

Gravadora CID.


O violão brasileiro de Codó.

Dedicatória de Codó à sua filha "Nalvinha", presente na contra-capa de exemplar do disco  Talento Brasileiro 3 - Codó e o Violão (acervo da família).




Disco - CODÓ " UM VIOLÃO MUITO BOM MODÉSTIA À PARTE " (1969)


Capa do Lp "Codó - Um Violão Muito Bom Modéstia Parte" (1969).
Clodoaldo Brito, o baiano CODÓ, está na praça com seu quinto disco. O privilégio de lançá-lo coube à COPACABANA DISCOS. Digo privilégio, porque a maneira como foi elaborado o Lp, desde a escolha das músicas até a confecção dos arranjos, representam a realização de um desejo acalentado a anos pelo querido violonista.

O meu amigo CODÓ, em conversa que tivemos em uma dessas noites que precederam à gravação foi categórico afirmando: “agora conterrâneo, eu vou fazer um senhor disco”.

Realmente é o melhor de quantos fez.

Ouvi cuidadosamente, analisei faixa por faixa. Relembrei Ary Barroso, Cole Porter, Ataulpho Alves. Curvei-me diante da dignidade do compositor Chico Buarque de Holanda e conheci novos compositores: Roberto e Heloisa. Embeveci-me com as trilhas de orquestra preparadas carinhosamente pelo jovem maestro Ivan Paulo.

Codó vem com quatro músicas inéditas de sua autoria: “Duro com Duro” (de parceria com seu filho Cláudio), “Apolo 11” (que leva a minha assinatura também), “Nagasaki” e “Garota da Tijuca”, essas últimas sem parceiros.

O repertório é dos melhores: o imortal “Begin the Beguine”, a beleza do samba “Você passa eu acho graça”, o sucesso atual “Romeo e Julieta”, “Como é grande o meu amor por você” do Rei Roberto Carlos.

Tudo é bom neste disco “bolado” e dirigido por Ismael Corrêa, cujo gosto artístico é indiscutível.

“Um Violão Muito Bom Modéstia à Parte” é o título do novo longa duração de Codó. Ouçamos o artista, arrancando das cordas do seu inseparável DI GIORGIO tudo aquilo quanto o instrumento dá.

Um Violão Muito Bom Modéstia à Parte?
Um violão muito bom, sem falsa modéstia, digo eu.

João Mello, 1969.

Codó.
Lado 1
1 – NAGASAKI (Codó)
2 – A TIME FOR US (Larry Kuisik – Eddie Snyder – Nino Rota)
3 – UMA FLOR POR UM AMOR (Robero Ladeira – Heloisa Beserra)
4 – DURO COM DURO (Codó)
5 – BEGIN THE BEGUINE (Cole Porter)
6 – POUT-POURRI:
LARANJA MADURA (Ataulpho Alves)
VOCÊ PASSA EU ACHO GRAÇA (Carlos Imperial – Ataulpho Alves)

Lado 2
7 – APOLO 11 (Codó – João Mello)
8 – ONDE É QUE VOCÊ ESTAVA (Chico Buarque de Holanda)
9 – GOOD MORNING STARSHINE ( Galt Mac Dermot – James Rado – Gerome Ragni)
10 – PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO (Ary Barroso)
11 – GAROTA DA TIJUCA (Codó)
12 – POUT-POURRI:
NÃO QUERO VER VOCÊ TRISTE (Roberto Carlos – Erasmo Carlos)

COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ (Roberto Carlos)

FICHA TÉCNICA:
Produtora Fonográfica: SOM INDÚSTRIA E COMERCIO S/A  - DISCOS COPACABANA
Coordenador da Produção: ISMAEL CORRÊA
Arranjos: MAESTRO IVAN PAULO
Operador de Som: DERALCO e ODILON
Foto da Capa: MAFRA

Letra da Música - SAUDADES DE MINHA TERRA (Codó)


Quando pego na viola
Pra cantar minha canção
Mais aumenta a vontade de voltar pro meu sertão
Minha terra é tão bonita onde posso respirar
E ter uma sensação de que a vida está por lá
Tenho sorte de ser filho
Dessa terra Cairú
Foi aonde eu nasci vendo o lindo céu azul
Busquei na inspiração
Versos de recordação
Desde quando comecei a sentir meu violão

Vou ver a natureza
Vou plantar para colher
Onde tenho a certeza
E a vontade de viver
Minha terra tão querida
Que me deu inspiração
Pra tocar minha viola
E compor minha canção

Musica presente no disco "Codó - Coisas da Minha Terra" (1978).

sábado, 15 de outubro de 2011

LETRA DA MÚSCA - BAHIA DE ENCANTOS (CODÓ)


Bahia das praias de areia branca
Bahia de sorrisos que nos encantam
Bahia que tem tudo pra se ver
Bahia que tem cangerê
Terra santa e bendita
Terra que Deus abençoou
Bahia eu te quero com amor
Bahia, minha Bahia
Deus a conserve assim
Bahia que palpita corações
Bahia do meu Senhor do Bonfim.

Bahia minha Bahia
Bahia do meu Senhor do Bonfim.
Ô Bahia
Bahia das praias de areia branca
Ô Bahia
Do acarajé, do abará, só na Bahia

 Ô Bahia
Bahia de sorrisos que nos encantam

Ô Bahia
Do candomblé, maculelê, só na Bahia.


Música: Bahia de Encantos (1978) 

http://www.youtube.com/watch?v=1F5DPeUW2nc

DISCO - CODÓ "COISAS DA MINHA TERRA" (1978)


Apesar de não ser cantor nem instrumentista, tive duas oportunidades de aparecer em disco: a primeira, em 1970, num LP de Nelson Cavaquinho; agora me intrometendo no disco de Codó. Em matéria de companhias não posso me queixar.
Quem é melhor que esses dois em nossa música popular?

Codó é um artista completo, desses que são artistas por dentro e por fora. Não posso me esquecer, por exemplo, daquela noite, no casarão de Jacob do Bandolim, em Jacarepaguá, quando o surpreendi chorando, sensibilizado com a arte do genial Jacob. Essa mesma sensibilidade em relação a arte alheia domina Codó quando está tocando o seu magnífico violão, compondo e até mesmo cantando, embora não seja exatamente um cantor profissional.

Clodoaldo Brito é o nome desse baiano de Arraial de Cairú de Salinas das Margaridas, onde nasceu no dia 18 de Setembro de 1913, o mesmo ano, aliás, em que nasceram Ciro Monteiro e Vinicius de Moraes. Antes de ser músico, foi pescador e o seu primeiro instrumento foi um violão que ele mesmo fabricou na base de tábuas de caixote de querosene e cordas de piaçaba.

Em 1939, começou a trabalhar em rádio na Bahia, já gravou oito long-plays, dois compactos e como compositor, possui mais de noventa músicas gravadas no Brasil e no exterior. Da sua obra fazem parte também nove filhos, todos de música como ele.

Neste Lp, Codó está inteiro, compondo, tocando, arranjando, cantando e batendo papo.
Ao lado de músicos como Copinha, Sivuca, Dino, Deo Rian, Paulo Moura, Codozinho e vários outros, ele mostra sua arte e sua alma. E quando foi necessária a presença de uma voz feminina, surgiu Elizeth Cardoso, esse rouxinol carioca. 

Obrigado, Codó.

Sérgio Cabral

Músicas

Lado A
1 - NAZAREH (Codó)
2 - FEITIÇO DA VILA (Noel Rosa – Vadico)

3 - PROESAS DE SÓLON (Pixinguinha – Benedito Lacerda)
4 - CORDINHA DE NÓ (Codó)
Bate-papo, participação especial: Sérgio Cabral, Sivuca, Codó e Antônio Mascarenhas.

Lado B
5 - JULIANA (Codó)
6 - INDECISA AURORA (Codó – Itamar Souza e Silva)
Participação especial de “Elizeth Cardoso”
7 - FILHO DA TERRA SANTA (Antônio Mascarenhas – Erick Medeiro)
8 - BRIGA DE REI (Codó – Francisco Fiuza)
9 - SAUDADE DA MINHA TERRA (Codó)
10 - PRA RIBEIRA EU VOU (Codó - Salatiel)
11 - BAHIA DE ENCANTOS (Codó)

Elizeth Cardoso.
Copinha e Paulo Muora.
Deo Rayan e Codó.


FICHA TÉCNICA:

Bateria: Wilson das Neves
Baixo: Luizão Maia
Violão: Codó e Antônio Mascarenhas (Codozinho)
Violão de 7 cordas: Dino 7 Cordas (lado A)
Cavaquinho: Neco
Codó e seu flho Antônio (Codozinho)
Guitarra: Neco
Bandolin: Deo Ryan (lado A)
Tumbadora: Cabloquinho
Pandeiro: Jorginho do Pandeiro
Percussão: Leninha Codó (tamborim) e Mauro Jeronymo (ganzá)
Clarinete: Paulo Moura
Sanfona: Sivuca
Flauta: Copinha
Piston: Hamilton
Sivuca durante as gravações do disco.
Sax: Netinho
Vocais: Jayme Além, Chico Puppo, Marcos Candia, Nair, Fabiola, Everlin
Participaçãoe especial: Elizeth Cardoso e Sérgio Cabral

 







Produtor fonográfico: CID
Coordenador geral: Harry Zuckermann
Direção da produção r produtor executivo: Aramis Barros
Direção artística: Dom Edilson
Assessoria da produção: Antônio Mascarenhas
Arranjos: Sivuca
Arregimentação: Pascola / Gilson
Operador: Walter / Deraldo
Assistente de estúdio: Souza e Jorge
Mixagem: Deraldo
Direção da Mixagem: Aramis Barros
Corte e montagem: Laurimar (CID)
Gravado nos estúdios "Haway" (Rio-16/8 canais)
Capa e Arte: Liuz Pessanha
Fotos: Ivan Clingen
















Links para músicas:

Codó - Bahia de Encantos (1978)

 http://www.youtube.com/watch?v=1F5DPeUW2nc

CODÓ - "Briga de Rei" (Codó & Francisco Fiúza) 1978

 http://www.youtube.com/watch?v=CzzGV8hO5mI 

CODÓ - "Filho da Terra Santa" (Antônio Mascarenhas & Erick Medeiros) 1978


http://www.youtube.com/watch?v=ivCN9pHdUQI&feature=results_video&playnext=1&list=PLF3964523F45F7B38

DISCO - CODÓ "BRINCANDO COM AS CORDAS" (1973)

Capa do Lp "Codó - Brincando com as Cordas".

O violão nas mãos de CODÓ se transforma em brinquedo.
Daí, o título que o excelente músico deu a uma de suas melodias, que serviu também para dar nome ao seu LP para a Codil.

Este disco é o quarto gravado por CODÓ.

O primeiro e o segundo tiveram textos de contra-capa escritos por mim. Apenas o terceiro foi entregue a sabedoria de Sylvio Tullio Cardoso, saudoso cronista do d’O Globo, homem com vasto conhecimento das coisas relacionadas com a música popular brasileira.

Sylvio Tullio, prestou todas as informações que o publico queria saber a respeito de CLODOALDO BRITO (CODÓ). Traçou-lhe uma biografia à altura.
Assim, resta-nos pouco a dizer sobre a vida de CODÓ. Coube àquele jornalista a responsabilidade maior pela divulgação de quase tudo quanto o nosso artista fez.

CODÓ, eternamente jovem, parece que remoçou ainda mais com este longa duração.
Escolheu um repertório que vai mexer com os nervos dos novos e dos velhos. Vejamos: ALEGRIA, ALEGRIA de Caetano Veloso.
Tenho certeza que o poetinha mais poeta da Bahia, ao ouvi-la aqui, vai desejar a CODÓ, que também é baiano, que “ele prossiga com o seu violão, caminhando contra o vento sem lenço e sem documento”. A VIOLA ENLUARADA dos irmão Marcos e Paulo Sérgio Valle é outro número que mereceu o carinho do violonista. A VIOLA está gravada, mais com o coração do que com o violão.
Agora, é bom que se diga, à guisa de informação: os lindos sambas AOS PÉS DA CRUZ (Marino Pinto e Zé da Zilda), CANÇÃO DE AMOR (Eliano D. Paulo – Chocolate), BEIJA-ME (Roberto Martins – Mário Rossi) e CONFIANÇA (Alcebiades Nogueira – Luiz de França) estão neste álbum, para relembrar antigos sucessos, e homenagear compositores do passado.

Além disso, CODÓ surge com um repertório inédito de sua autoria, da melhor qualidade.

A nota mais importante: prestem atenção nas faixas CAPOEIRA 3 e MINHA FAVELA.
A voz, é do próprio CODÓ, que se constitui na maior surpresa do disco. Pouca gente sabia que ele também cantava.
Aqui está portanto, CODÓ mais uma vez na praça.
Diz ele que vem “brincando com as cordas”.
Nos achamos que brincadeira tem hora, e que o que está no disco, em matéria de repertório e execução, é coisa das mais sérias.

A Codil está de parabéns com seu novo contratado.
O público também está de parabéns porque mais um disco do bom baiano está circulando nas emissoras de rádio e nas lojas especializadas.

João Mello, 1973.
Codó, brincando com as cordas.

Músicas:
1 – AOS PÉS DA CRUZ (Marino Pinto e Zé da Zilda)

2 – GAMADINHO (Codó)

3 – VIOLA ENLUARADA (Marcos e Paulo Sérgio Valle)

4 – QUADRADINHO (Codó)

5 – CAPOEIRA TRÊS (Codó)

6 – ALEGRIA, ALEGRIA (Caetano Veloso)

7 – BEIJA-ME (Roberto Martins – Mário Rossi)

8 – SAMBA MESMO (Codó)

9 – BRINCANDO COM AS CORDAS (Codó)

10 – MINHA FAVELA (Codó)

11 – CONFIANÇA (Alcebiades Nogueira – Luiz de França)

12 – CANÇÃO DE AMOR (Eliano D. Paulo – Chocolate)


 Na foto ao lado, a dedicatória de Codó a sua Mulher, na contra-capa do disco "Brincando com as Cordas", presente dado a ela no lançamento do Lp. (acervo da Família)

DISCO "CODÓ E O MAR" Codó e seu violão (1967)


Capa do disco " Codó e o Mar " (1967).
Há os que tocam e os que enganam. Há os que dominam de maneira incontestável os seus instrumentos e através deles conseguem comunicar ao ouvinte o seu talento e o seu poder de criação e há os que substituem a técnica verdadeira por uma série de clichês, de frases pré-fabricadas, de macetes que podem maravilhar o discófilo mais ingênuo, mas que certamente não impressionarão aquele que busca o artista antes de mais nada a expressão, a personalidade e a autenticidade.
Há muitos enganadores por aí. Os que tocam mesmo são poucos.

Um deles é o veterano instrumentista baiano Clodoaldo Brito – conhecido artisticamente apenas por Codó – para quem o violão deixou a muito tempo de ter segredos. Por que Codó é um estilista e não um enganador?
Porque Codó possui não apenas maneira de tocar que é exclusivamente sua, um autêntico patrimônio, mas porque sabe também extrair de seu Di Giorgio uma sonoridade igualmente personalíssima.

Codó possui por conseguinte os elementos básicos do estilista: sonoridade e maneira de tocar próprias. A sonoridade é a mais melodiosa, mais agradável, mais suave e mais musical que possa haver. E a maneira de tocar caracteriza-se basicamente por uma envolvente, uma cativante, uma maravilhosa simplicidade.

Ao contrário de inúmeros outros violonistas, que só se afirmam através do exibicionismo vazio, de uma execução tão veloz quanto trôpega, Codó esnoba sistematicamente o exibicionismo, trocando-o por uma simplicidade, uma singeleza de execução verdadeiramente admirável.

Neste seu primeiro LP para a RCA, a simplicidade é grande constante. Os que por ventura estavam esperando show de técnica, fiquem desde já avisados que aqui o show é de musicalidade, de sentido criador. Codó não faz música para as “paradas de sucesso”. Não faz música comercial. Nele, a música é parte integrante de seu espírito, sua sensibilidade, sua alma. Codó faz música – e a executa – porque é o ARTISTA e não o comerciante.

Tanto nas faixas com violinos e côro – para as quais o Maestro Peruzzi escreveu alguns de seus mais finos arranjos – como nas que se apresenta com seu filho Codòzinho no violão de apoio, o baterista Edson Machado e o baixista Liuz Marinho, Codó deu o melhor de sua inspiração, seu talento e sua musicalidade.

Os que por acaso ainda pensam que improvisação é um elemento exclusivamente jazzístico, ouçam sem compromisso – Codó nas faixas “Sambita” e “Abraçando Codó” e vejam e veja como se pode também improvisar no mais puro e autêntico espírito brasileiro. O LP é um show sim. Mas um show de simplicidade, de riqueza melódica, de inspiração, de bom-gosto e sobretudo da mais genuína expressão brasileira.

Com este LP, Codó não somente da uma nova dimensão ao LP de violão, como entra definitivamente para o time dos nossos maiores solistas populares.

Sylvio Tullio Cardoso, 1967.

Lado A

1 – MAR DE JANAINA (Codó)  _ 2’50”

2 – AMOR DEMAIS (Cláudio Brito) _ 3’17”

3 – FIM DE ALEGRIA (Antônio e Cláudio Brito) _ 2’49”

4 – SAMBITA (Codó – João Melo) _ 2’25”

5 – CANÇÃO PRA MINHA AMADA (Codó) _ 3’00”

6 – TEMA EM MÍ (Codó) _ 2’52”



Lado B

1 – UMA NOITE DO HAWAI (Codó) _ 2’51”

2 – FOGO NA ROÇA (Codó) _ 2’01”

3 – MEU VIOLÃO DI GIORGIO (Codó) _ 3’11”

4 – BALANÇO DE MINHA RUA (Codó – Francisco Dias Pinto) _ 2’19”

5 – DUAS ROSAS (Codó) _ 3’37”

6 – ABRAÇANDO CODÓ (Antônio Brito) _ 1’50”


Ficha Técnica

Direção Artística: Geraldo Santos

Técnico de Som: Dacy Rodrigues

Arte: Joselito

Foto: Estúdio Mafra

Produtor fonográfico: RCA Eletrônica Brasileira S.A.

Gravação realizada nos estúdios da RCA VICTOR

Rio de Janeiro – Verão, 1967.



CODÓ NA FICHA

Nome verdadeiro: Clodoaldo Brito

Nascimento: 18 de Setembro de 1913

Cidade: Cairú de Salinas das Margaridas, Bahia

Primeira composição: “Minha Primeira Valsa” (1930)

Maiores sucessos: “Zum Zum Zum”, “Tim Dom Dom”(com João Melo), “Taiti” e “Uma Noite no Hawai” (gravado por Rosinha de Valença)

Estado civil: casado, pai de 9 filhos
LPS anteriores: “Alma do Mar” (1963) e “O Violão e a Simplicidade de Codó” (1964)


Na foto ao lado, dedicatória de Codó para sua mulher Antonina (Zinha), presente na contra-capa de exemplar do disco Codó e o Mar (acervo da família).