quinta-feira, 7 de março de 2024
segunda-feira, 15 de maio de 2023
DEPOIMENTO DO MESTRE ACORDEON
A música cuja canção tem um forte apelo de Capoeira com o violão de Codó convidando o som de um berimbau.
Codó foi um dos maiores violonistas do Brasil, meu vizinho por muitos anos, amigo e um dos meus ídolos.
Ele tinha mais de cinquenta anos quando o conheci, morando em uma pequena casa inundada por muitos filhos.
Impossível esquecer seus dedos grossos, grandes charutos movendo-se com facilidade e leveza nas cordas do violão, imitando o berimbau.
Fui amigo dessas crianças e alguns deles, Cláudio, Antônio, Carlinhos e Paulinho, depois se tornaram meus alunos.
Codó me contou sobre seu pai, um grande mestre de Capoeira que conseguia dar uma cambalhota para trás saltando do topo de suas sandálias de madeira e aterrissando de novo precisamente em cima delas.
Muitas vezes Codó surpreendeu meus alunos fazendo bananeiras em cima de uma cadeira bamba quando tinha quase setenta anos.
Codó nunca recebeu o reconhecimento que merecia como grande músico.
Ele gravou alguns álbuns e escreveu dezenas de ótimas canções.
Muitas dessas canções foram co-assinadas ou atribuídas a outros que não criaram uma nota delas.
Ele permaneceu pobre, recluso em sua própria música, talento e simplicidade.
Saravá Codó! Você tem presença honrosa em minhas lembranças, e aqui está sua canção que reflete o espírito indomável dos verdadeiros capoeiristas.
Berimbau
Zum Zum Zum
Capoeira mata um
Santo Antônio pequenino
É meu santo protetor
Cabra você não me assombra
Na Capoeira sou doutor
Bate o pandeiro caboclo
No jogo do berimbau
Biriba é pau é pau
De fazer berimbau é pau
Biriba é pau é pau
De fazer berimbau é pau
Fonte:
Traduzindo do livro: Capoeira, a brazilian art from. History, philosophy, and pratice - Bira Almeira (Mestre Acordeon); pág. 96.
Sobre o Mestre Acordeon
Ubirajara ( Bira ) Guimarães Almeida (nascido em 1943), mais conhecido como Mestre Acordeon, é nativo de Salvador, Bahia, Brasil, e um mestre da arte marcial brasileira Capoeira.Sua reputação internacional como professor, intérprete, músico, organizador e autor é construída com cinquenta anos de prática ativa, além de pesquisas sobre origens, tradições, conotações políticas, e tendências contemporâneas da Capoeira.
Mestre Acordeon viajou extensivamente para promover a Capoeira fora do Brasil.
Acordeon era um estudante do lendário Mestre Bimba no final da década de 1950, e começou a ensinar o próprio Capoeira no início da década de 1960.
Em 1966, ele fundou o Grupo Folclórico da Bahia que realizou o show Vem Camará: Histórias de Capoeira no Teatro Jovem em Rio de Janeiro.
Agradecimento especial ao Mestre Jakaré do Cavaquinho, aluno de Codó e grande apoiador do processo de pesquisa sobre Codó, quem gentilmente nos apresentou essa referência bibliográfica.
Conheça o canal do Mestre Jakaré no YouTube: https://youtube.com/@jakaredocavaco
terça-feira, 9 de maio de 2023
DOCUMENTÁRIO - O violão de Codó da Bahia - 2023
sexta-feira, 13 de maio de 2022
OUÇA A DISCOGRAFIA COMPLETA DE CODÓ
Acesse o link para Playlist com todo o acervo de músicas gravadas por Codó ao logo de seus 10 LPs.
Resultado de um trabalho familiar de busca e seleção de exemplares de todos os LPs lançados do artista, tendo sido digitalizados no laboratório VideoShak RJ, gerando cópias o mais fidedignas a gravação original em vinil, onde nem o chiado do atrito da agulha foi removido, para menos intervir na matriz gravada.
Nessas gravações o ouvinte poderá fazer uma viagem pela história discográfica de Codó, desde seu período de chegada ao Rio de Janeiro em 1964, até pouco antes de seu falecimento 1983.
De composições autorais em seu mais tradicional estilo baiano e caiçara, as gravações orquestradas, belas interpretações de grandes obras da música popular brasileira.
No passeio por sua discografia observamos o transito fluente do artista pelos diferentes estilos e ritmos musicais e sempre com virtuosa execução.
DISCOGRAFIA:
(1963) Codó - Polydor
(1964) Alma do Mar - O Violão de Codó - Polydor
(1967) Codó e o Mar - RCA
(1967) A enluarada Elizeth - Copacabana
(1968) O Violão e a simplicidade de Codó - Mocambo
(1969) Um violão muito bom, Modéstia à Parte - Copacabana
(1970) Vim pra ficar - Copacabana
(1973) Codó - Brincando Com as Cordas - CID
(1977) Codó e o Violão - Série Talento Brasileiro - CID
(1978) Coisas da minha terra - CID
(1984) Série Música Brasileira Vol.1 - Codó
Acesse o link abaixo e ouça a discografia completa:
https://youtube.com/playlist?list=PLL52Ow835YUdSRKaOyOabtPBrDOQ2hILz
sexta-feira, 4 de junho de 2021
Mestre Jakaré do Cavaco - Lembranças do seu primeiro professor de violão, o Mestre Codó
Jakaré do Cavaco, ou Bebeto, como conhecido na família Codó, é carioca do bairro da Glória, nascido em 1958, teve em sua infância um importante contato com Codó, que foi seu primeiro Mestre de violão.
Codó chega com a família no Rio de Janeiro nos anos 60, morado em um apartamento na Rua Santo Amaro, no bairro da Glória, local que era muito frequentada por artistas e intelectuais da época, que vinham prestigiar a música do mestre Codó da Bahia, como relata Jakaré.
Jakaré conta como conheceu Codó e como era o amanhecer de Codó visto por ele, o menino Bebeto de 6 anos de idade, que morava em frente à casa de Codó.
Todo dia por volta das 6:00 horas da manhã, Codó pegava seu violão Di Giorgio e ia para a varanda. Lá limpava o violão com zelo, passava óleo de peroba e o deixava por alguns minutos no sol fraco da manhã (- para ficar igual “casquinha de ovo”), tudo isso antes de começar a dedilhar.
Codó sempre tinha esse ritual, ao amanhecer em sua varanda na Rua Santo Amaro 196, apartamento 102, limpava e dedilhava o seu violão ao sol da manhã.
Assim, encantado pelo violão de Codó, o menino Bebeto pede um violão ao pai e diz que terá aulas com Codó. E o próprio menino vai até Codó, sem saber da história do já consagrado Mestre Codó, e pede para que ele lhe ensine a tocar violão. Codó então o recebe como aluno e amigo da família.
O menino Bebeto, teve como primeiro professor de violão o Mestre Codó. Por vezes, na ausência do mestre pelos diferentes compromissos profissionais, tomava lições do instrumento com os filhos de Codó, Carlinhos (um dos mais velhos) e Leninha (filha do meio entre as mulheres).
Conta Mestre Jakaré: - Nalvinha, a filha mais nova de Codó, mais nova que eu, gostava de cantar. Mercês, que era mais velha, já acompanhava Codó em coro em alguns saraus ocorridos em casa. Leninha, filha do meio, tocava violão e jogava Capoeira e foi com ela que tive meu primeiro contato com a Capoeira. Foi Leninha que me ensinou a ginga e alguns outros movimentos da capoeira, inclusive a tradicional negativa, que na época ainda era feita com o joelho para cima.
Em reunião ocorrida na casa de Codó, em comemoração à vinda do Grupo Folclórico da Bahia ao Rio de Janeiro, estavam presentes Mestre Bimba, Mestre Acordeom, Mestre Preguiça, Mestre Itapuã, Mestre Camisa Roxa e Mãe Zefa de Obaluaiê (personagem integrante do Grupo Folclórico da Bahia, esta na época com 102 anos) e o menino Bebeto (Jakaré) com 8 anos de idade.
Também lembra o Jakaré, que Codó costumava se apresentar com frequência na famosa “Taberna da Glória” (entre os anos de 64 e princípio dos anos 70), famoso reduto da boemia carioca, situada no antigo Largo da Glória, entre Rua Antônio Mendes Campos e a Rua do Catete, frequentada pelos principais músicos do cenário carioca dos anos 60.
A Taberna da Glória recebia músicos como Clementina de Jesus (descoberta por Hermínio Bello de Carvalho na Taberna da Glória, durante a tradicional festa da Glória), Elizeth Cardoso, Hermínio Bello de Carvalho, Pixinguinha, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Zé Keti, Ciro Monteiro, Pedro Nava, Moacir Werneck, Zé Bento, Cartola, entre outros artistas, escritores e jornalistas, como Sérgio Cabral, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade.Jakaré também lembra que costumava ir à praia e jogar bola com frequência com os filhos de Codó, Paulo, Sivaldo e Esteves.
- Com a mudança de Codó e sua família para Niterói, perdi o contato com o pessoal, apesar de ter ido visitar eles já morando em Niterói. Depois disso, parei um pouco com o violão, mas com cerca de 16 anos de idade, retomei o violão, aprendi o cavaquinho e ingressei de vez na Capoeira.
Sobre o Mestre Jakaré do Cavaco
Músico e capoeirista carioca, nascido no bairro da Glória, no Rio de Janeiro na fase de formação dos primeiros movimentos de capoeira ditos organizados no Rio, esteve presente no primeiro Encontro Brasileiro de Capoeira em 1984 no Circo Voador. Participou também em 1987, do 2º Festival de Cantigas de Roda, onde foi premiado por duas de suas canções, “Amante da Liberdade” e “Cinco Séculos”.Mestre Jakaré, residente em Paris, desenvolve desde 1988 trabalhos com Capoeira e Música Popular Brasileira na Europa.
Destacando-se como importante entusiasta na inclusão de diferentes elementos da cultura brasileira no universo da Capoeira, sobre a visão de que para aprender Capoeira a pessoa precisa conhecer o Brasil, sua história e sua cultura. Sendo hoje importante referência para diferentes gerações de capoeiristas e músicos.
- Como alguém vai aprender Capoeira sem conhecer o Brasil, a cultura Brasileira de maneira geral e a sua língua?
Nos anos 80 haviam poucos mestres de Capoeira na Europa, entretanto, os que lá estavam vinham de diferentes lugares do Brasil e traziam referência folclóricas, musicais e culturais de sua região de origem.
Lembra o mestre que, a Capoeira até os anos 80 era muito fechada, mais focada corpo, mais voltada para luta e preparo físico. E com características culturais somente da região da Bahia.Indo morar na Europa, inseriu o cavaquinho, o samba, partido alto e forró. E incentivava que outros capoeiristas também inserissem ao contexto da Capoeira a musicalidade da sua região, como o frevo, maracatu, samba-reggae e outros elementos de sua cultura brasileira regional.
- Com isso começa a surgir o que vemos hoje, onde a Capoeira é abordada de forma mais ampla, representando a arte de um povo, e nela contidas além da técnica, a cultura, espiritualidade, ancestralidade e conceitos de resistência racial.
- Eu conheci o Brasil morando no exterior, onde tive contato com brasileiros de todos os estados. Lá fizemos uma grande comunidade de brasileiros, diversidade cultural, todos muito unidos e somando culturas, um caldeirão cultural.Em sua trajetória Mestre Jakaré do Cavaco desenvolveu amplo trabalho no meio acadêmico, lecionando Capoeira em escolas públicas e privadas, atuando do maternal a universidades, com importantes trabalhos na realizados na educação infantil, de jovens e adultos.
Rio de Janeiro, 02 de maio de 2021.
Por Mauricio Brito.
Canal Jakeré do Cavaco no YouTube: https://www.youtube.com/user/jakaredocavaco
quarta-feira, 13 de maio de 2020
Música "Iá iá da Bahia Chegou" por Aracy Costa (1954)
Aracy Costa - Ia ia da Bahia Chegou (1954)
Baião gravado em LP de 78 rpm no ano de 1954 pela Todamérica.
Autores: Clodoaldo Brito/Codó e João Melo
Ouça a música em:
https://www.youtube.com/watch?v=uHHsWTI1Qak
https://www.youtube.com/watch?v=MZNGupFzCAk
Música "Capoeira Três" do LP Enluarada Elizeth (1967)
Elizeth Cardoso e Codó - LP Enluarada Elizeth (1967)
Músicos:
Codó - violão e vocal (refrão parte final)
Arranjo e condução - Maestro Lindolfo Gaya
Ouça a música: https://www.youtube.com/watch?v=fmMqoMqF-o8
Participações especiais no LP de Clementina de Jesus, Cartola, Codó e Pixinguinha. |
Música "Capoeira no Baião" - por Jackson do Pandeiro
Capoeira no Baião (Codó)
Música gravada por Jackon do Pandeiro no LP “Tem Jabaculê de 1964.
(1964, “Tem Jabaculê”, Philips, P 632714 L)
Ouvir música:
https://www.youtube.com/watch?v=7nlzaAkNWJ4
O Violão Di Giorgio de Codó
Foto tirada entre 1965 e 1966, Codó e sua esposa Zinha com o fonograma da gravação de seu primeiro LP Alma do Mar. Ao fundo vê-se este mesmo violão Di Giorgio. |
Codó e João Gilberto – A amizade dos conterrâneos
João Gilberto, 1950 |
terça-feira, 12 de maio de 2020
Release: Clodoaldo Brito - Codó
Nasceu em Cairú, Salinas da Margarida, Bahia em 18/09/1913.
Morreu em Niterói, Rio de Janeiro em 16/01/1984 aos 70 anos.
Violonista e compositor baiano, nasceu na cidadezinha de Cairú no Município de Salinas da Margarida, autodidata aprendeu a tocar violão pelo método prático do Canhoto ainda na infância e começou a compor na adolescência, tendo como sua primeira composição “Minha Primeira Valsa” de 1930.
Discografia de Codó:
• Codó e o Violão - Série Talento Brasileiro (1977)